tempere o salmão com sal e o suco de limão
deixe descansar por 30 minutos
coloque a alcaparras sem o liquido por cima do peixe, a pimenta rosa e o azeite de oliva
leve ao forno moderado por 20 minutos
retire do forno, salpique com a salsa
coloque o creme ao lado do peixe pronto na mesma travessa
cardápio
:
divagações concretas concretudes abstratas
e um copo vazio está
cheio de ar
cheio de ar
30.12.08
29.12.08
beijo
de tudo que dá certo
de tudo que tem a mesma sintonia
de tudo que os pensamentos iguais
discordâncias que sugerem debate
acalorado.copacabana fervendo.opiniões fortes
orgulho e muita vontade de prevalecer, nesse segundo apenas
um bico aqui, uma testa franzida ali
uma resposta sem muita atenção e a procura do olhar
começam a não se falar.
insistindo pode ficar sério
- me dá um beijo vai!
olhar recíproco,e depois se esvai
depois fica só depois:um beijo e o encontro,de fato,acontece
e acende uma coisa la que não sei explicar
onde a palavra falha o beijo salva
:
de tudo que dá certo
de tudo que tem a mesma sintonia
de tudo que os pensamentos iguais
discordâncias que sugerem debate
acalorado.copacabana fervendo.opiniões fortes
orgulho e muita vontade de prevalecer, nesse segundo apenas
um bico aqui, uma testa franzida ali
uma resposta sem muita atenção e a procura do olhar
começam a não se falar.
insistindo pode ficar sério
- me dá um beijo vai!
olhar recíproco,e depois se esvai
depois fica só depois:um beijo e o encontro,de fato,acontece
e acende uma coisa la que não sei explicar
onde a palavra falha o beijo salva
:
28.12.08
uma noite dessas ainda escrevo as loucuras que ela me fala dormindo
quando me bater uma coisa na cabeça, confesso as coisas impublicáveis que ela me diz dormindo
outra hora ainda me faço difusora,me prego num poste e grito as coisas lindas que ela me diz dormindo
e tudo mais aquilo, e tudo mais aquilo que um dia,publico, juro
todas essas coisas intermináveis-inacabáveis que ela me diz dormindo
:
quando me bater uma coisa na cabeça, confesso as coisas impublicáveis que ela me diz dormindo
outra hora ainda me faço difusora,me prego num poste e grito as coisas lindas que ela me diz dormindo
e tudo mais aquilo, e tudo mais aquilo que um dia,publico, juro
todas essas coisas intermináveis-inacabáveis que ela me diz dormindo
:
25.12.08
o poeta ja nasceu morto
prematuro,pequeno e de óculos
esguio,calado
quase invisível
criança que tem medo da rua
da janela pensa quantas bolas pegaria de primeira
golaço e sorrisos
da janela sonha
depois escreve
adolescência de imaturidade e descoberta
a cachaça e os amores.as mulheres
o sol e a noite.a ida e a vinda
e depois escreve
a vida com todas as incertezas
o ser humano com todas as pequenas coisas
fome de saber a profundidade do vazio
descobrir uma outra verdade.todas as outras
infelicidade de perceber um mundo paralelo antes deles
e tudo isso,escreve
e dizem que foi infeliz
morreu vivendo,sabendo disso,era astrólogo parece
morreu sorrindo.
morreu correndo.
morreu crescendo.
morreu nascendo
hiperbole assertiva de gênio eterno,
desasossego em pessoa
ainda assim,escreve
:
prematuro,pequeno e de óculos
esguio,calado
quase invisível
criança que tem medo da rua
da janela pensa quantas bolas pegaria de primeira
golaço e sorrisos
da janela sonha
depois escreve
adolescência de imaturidade e descoberta
a cachaça e os amores.as mulheres
o sol e a noite.a ida e a vinda
e depois escreve
a vida com todas as incertezas
o ser humano com todas as pequenas coisas
fome de saber a profundidade do vazio
descobrir uma outra verdade.todas as outras
infelicidade de perceber um mundo paralelo antes deles
e tudo isso,escreve
e dizem que foi infeliz
morreu vivendo,sabendo disso,era astrólogo parece
morreu sorrindo.
morreu correndo.
morreu crescendo.
morreu nascendo
hiperbole assertiva de gênio eterno,
desasossego em pessoa
ainda assim,escreve
:
24.12.08
Antes de colocar os temperos, deve-se lavar bem a buchada em água corrente
em seguida, colocar o suco de limão, misturar bem e levar ao fogo para escaldar um pouco
não deixar cozinhar de mais para não endurecer o saquinho, depois da fervura retire do fogo, limpe bem raspando com uma faca. Retirar alguns resíduos restantes e a pele da língua, quando terminar, corte bem picadinho e então coloque todos os temperos. Ponha em uma bacia grande e jogue as vísceras misturando bem, deixar tomar os temperos por algumas horas. Depois costure o saquinho até a metade, deixando uma abertura para encher, quando terminar de encher feche-o costurando com uma agulha e linha, estando os saquinhos todos prontos, leve-os ao fogo em uma panela grande com água, o suficiente para cozinhar, não esquecendo de colocar o mocotó e o restante de algumas vísceras que por ventura tenham ficado. Porções: 6 a 8
cardápio
:
em seguida, colocar o suco de limão, misturar bem e levar ao fogo para escaldar um pouco
não deixar cozinhar de mais para não endurecer o saquinho, depois da fervura retire do fogo, limpe bem raspando com uma faca. Retirar alguns resíduos restantes e a pele da língua, quando terminar, corte bem picadinho e então coloque todos os temperos. Ponha em uma bacia grande e jogue as vísceras misturando bem, deixar tomar os temperos por algumas horas. Depois costure o saquinho até a metade, deixando uma abertura para encher, quando terminar de encher feche-o costurando com uma agulha e linha, estando os saquinhos todos prontos, leve-os ao fogo em uma panela grande com água, o suficiente para cozinhar, não esquecendo de colocar o mocotó e o restante de algumas vísceras que por ventura tenham ficado. Porções: 6 a 8
cardápio
:
teu porto é onde estás feliz
histórias,risos, um tanto de nostalgia
um pouco de ironia
um muito de malicia
um ou dois silêncios de vez em quando
liga a televisão, nada presta
a cerveja ainda não ta gelada
lembrança daquele que não ta aqui
as vezes muitos, as vezes não
o bacalhau salgado no ponto
chester macio e molhado,um pouco da pele também não é mal,embora seja
o olhar de contemplação da mãe vendo o filho conversando com os tios.meu filho já é um homem-ela pensa
os adultos e as crianças:que doce diferença.mínima
a avó matriarca
o primo e a prima
tio,tia e cunhado
de um tudo e sempre tem espaço pra mais um
pratinho pro porteiro,um vinho de presente pro camarada
familia pobre, coração que não tem tamanho.
orgulho são criatóvão
orgulho olhar em volta
das noites de natal, sacais
a poesia ganha com a maturidade,o ser humano sem vestes de defesa
o valor de um encontro numa noite vinte-cinco
a volta pra casa
:
histórias,risos, um tanto de nostalgia
um pouco de ironia
um muito de malicia
um ou dois silêncios de vez em quando
liga a televisão, nada presta
a cerveja ainda não ta gelada
lembrança daquele que não ta aqui
as vezes muitos, as vezes não
o bacalhau salgado no ponto
chester macio e molhado,um pouco da pele também não é mal,embora seja
o olhar de contemplação da mãe vendo o filho conversando com os tios.meu filho já é um homem-ela pensa
os adultos e as crianças:que doce diferença.mínima
a avó matriarca
o primo e a prima
tio,tia e cunhado
de um tudo e sempre tem espaço pra mais um
pratinho pro porteiro,um vinho de presente pro camarada
familia pobre, coração que não tem tamanho.
orgulho são criatóvão
orgulho olhar em volta
das noites de natal, sacais
a poesia ganha com a maturidade,o ser humano sem vestes de defesa
o valor de um encontro numa noite vinte-cinco
a volta pra casa
:
23.12.08
O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, reponde: "Estou fazendo. Estou pensando"
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem.
Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas.
O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver.
O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros.
Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?".
Bobo não reclama. Em compensação como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar no céu.
Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos.
Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida.
Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás, não se importam que saibam que eles sabem.
Bobo é Chagal, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.
É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
clarice lipector.1970
:
19.12.08
mudemo nos
nada muda
tudo a merma coisa
um dia,uns dias
dia dos namorados, dias dos pais,dia das mães, natal, reveillon,
nada muda
mudemo-nos!
todo dia.toda hora.
a cada erro, cada acerto, a cada palavra ouvida, cada relação que se estabelece
mudemo-nos
que cada dia seja o dia
é, to meio brega, meio sei la o que
deve ser os trinta
deve ser
;
nada muda
tudo a merma coisa
um dia,uns dias
dia dos namorados, dias dos pais,dia das mães, natal, reveillon,
nada muda
mudemo-nos!
todo dia.toda hora.
a cada erro, cada acerto, a cada palavra ouvida, cada relação que se estabelece
mudemo-nos
que cada dia seja o dia
é, to meio brega, meio sei la o que
deve ser os trinta
deve ser
;
15.12.08
por um intenso silêncio
rios te correrão dos olhos, se chorares!
olavo bilac
me suga a inspiração
e torna inteiro,uno
me deixa ao vivo,de verdade,
pé ante pé, um passo de cada vez
é no agora e ontem
não tem tempo de ser depois,de escrever depois
a ausência do ócio
o valor do só respirar
tudo que sempre e tudo que nunca
superlativo assim
hipérbole mesmo
de tudo um muito: a intensa raiva e toda serenidade do sono
e toda serenidade do sono
:
12.12.08
10.12.08
9.12.08
sou das imperfeições
sou dos erros
a perfeição é burra
a perfeição não dá espaços pra enganos
pra estria
pro dente quebrado
pra celulite na perna da mulher
pro choro de amar
pra doçura de voltar
pra quebra do orgulho bobo
a perfeição não ama
amar é impreciso
imperfeito
inconstante
a perfeição não tem carne e osso.
a prefeição são números, a boneca presa na caixa de plástico, lacrada e só
em uma prateleira das lojas americanas
:
sou dos erros
a perfeição é burra
a perfeição não dá espaços pra enganos
pra estria
pro dente quebrado
pra celulite na perna da mulher
pro choro de amar
pra doçura de voltar
pra quebra do orgulho bobo
a perfeição não ama
amar é impreciso
imperfeito
inconstante
a perfeição não tem carne e osso.
a prefeição são números, a boneca presa na caixa de plástico, lacrada e só
em uma prateleira das lojas americanas
:
4.12.08
eu confesso,
(sou viciado)
não sei exatamente como começou.acho que foi aos poucos.acho que começou quando eu parti pra morar sozinho.me despertou curiosidade.até que um dia eu decidi.vou comprar.peguei o telefone, liguei e rapidinho ja tava ligado. num primeiro momento não senti muita coisa não, até nem ligava muito. mas as coisas, a vida, estar só, sei lá.de certa forma tudo isso me modificou. passei a usar mais e mais.depois não conseguia mais viver sem.umas três vezes, quando tava muito sem grana, não me ligava.assim que pintava uma grana eu fazia questão de me ligar.hoje em casa, sofrendo abstinência. e dói essa ausência.é desconfortante ficar sem.peguei o telefone,tentei me ligar mas não consigo falar com gente no telefone.
porra, que vontade filha da puta agora.
espera, parece que...
ah, maravilha. consegui!!
religaram a net.
trinta e nove rapidamente no controle
respiro,me ajeito e enfim,
me reverbero de sportv
o vício confessado!
:
(sou viciado)
não sei exatamente como começou.acho que foi aos poucos.acho que começou quando eu parti pra morar sozinho.me despertou curiosidade.até que um dia eu decidi.vou comprar.peguei o telefone, liguei e rapidinho ja tava ligado. num primeiro momento não senti muita coisa não, até nem ligava muito. mas as coisas, a vida, estar só, sei lá.de certa forma tudo isso me modificou. passei a usar mais e mais.depois não conseguia mais viver sem.umas três vezes, quando tava muito sem grana, não me ligava.assim que pintava uma grana eu fazia questão de me ligar.hoje em casa, sofrendo abstinência. e dói essa ausência.é desconfortante ficar sem.peguei o telefone,tentei me ligar mas não consigo falar com gente no telefone.
porra, que vontade filha da puta agora.
espera, parece que...
ah, maravilha. consegui!!
religaram a net.
trinta e nove rapidamente no controle
respiro,me ajeito e enfim,
me reverbero de sportv
o vício confessado!
:
3.12.08
porra,é dificil
é de fato
é de direito
é de tudo que tem
é de areia de praia nos dedos
é de um corte no pé
é de uma dor de saudade
é de uma dose de morfina
é de lua cheia
é de carro cheio
é de sangue fervendo
é de guerra de lírios em plena quarta feira
é de reflexão e paixão
é de muito molho
é de prato fundo
é de silêncio
é de cama e mesa
é de responsa
é de dançar rostinho colado
é de dormir segredos sussurrados
é de dor nas costas
é de inspiração
é de todo amor, uma maldição
e é de ausência também
é de ausência também
é dificil ser qualquer coisa quando a certeza não habita.
mas a certeza habita alguém?
:
é de fato
é de direito
é de tudo que tem
é de areia de praia nos dedos
é de um corte no pé
é de uma dor de saudade
é de uma dose de morfina
é de lua cheia
é de carro cheio
é de sangue fervendo
é de guerra de lírios em plena quarta feira
é de reflexão e paixão
é de muito molho
é de prato fundo
é de silêncio
é de cama e mesa
é de responsa
é de dançar rostinho colado
é de dormir segredos sussurrados
é de dor nas costas
é de inspiração
é de todo amor, uma maldição
e é de ausência também
é de ausência também
é dificil ser qualquer coisa quando a certeza não habita.
mas a certeza habita alguém?
:
2.12.08
falta na entrada da área/saca falta ali na entradinha da área?/dentro da meia lua já/aquela falta que se o cara que vai bater só tirar da barreira,é gol/saca um quase penalti?/aquele perigo iminente/a boca seca e o tempo em suspensão/ansiedade transformando segundos em primeiros, em minutos/ tensão do goleiro que arma a barreira recostado na trave/os homens da barreira com as mãos nas partes,sabem do perigo de uma falta como aquela,ali/o olhar de espreita do cara que vai bater a falta/olha o goleiro/olha a bola/e parte pra bola/três passos/vida em slowmotion/ele bate na bola/a barreira pula/um cara da barreira não pula,porém dá sorte que a bola não passa em cima dele/a bola passa rente a cabeça do terceiro homem da barreira,o capitão do time/fudeu-ele pensa no segundo em que a viu a bola passando perto dele/o goleiro lá do gol não via a bola/quando viu o cara correr pra bola pensou: vou na esquerda/dá três passos pra esquerda/o cara bateu no outro lado/puta que pariu-pensou assim que viu a bola ir macia estufar a rede no angulo direito do goleiro do time do murcego/
vi a bola entrar de um jeito que ninguém jamais vai entender/
uma poesia
/
:
vi a bola entrar de um jeito que ninguém jamais vai entender/
uma poesia
/
:
30.11.08
vamos então em busca de um olhar de verdade
as palavras já não te falam mais
a dificuldade de se saber falível,mortal e ansioso
o desejo de ser e não ser
então paramos,sentamos no banco da praça e pedimos um algodão doce
de mãos dadas passeávamos como se o mundo estivesse em paz. india e irã
uma criança no carrinho comia lambuzada um milho
barulho de passarinho cantando e céu azul
queriam almoçar na casa da mãe,sexta feira em casa, ir ao cinema com pipoca,andar de pedalinho
um laguinho verde e um casal tentando reviver a história dos
enamorados que ja não moram mais aqui
:
as palavras já não te falam mais
a dificuldade de se saber falível,mortal e ansioso
o desejo de ser e não ser
então paramos,sentamos no banco da praça e pedimos um algodão doce
de mãos dadas passeávamos como se o mundo estivesse em paz. india e irã
uma criança no carrinho comia lambuzada um milho
barulho de passarinho cantando e céu azul
queriam almoçar na casa da mãe,sexta feira em casa, ir ao cinema com pipoca,andar de pedalinho
um laguinho verde e um casal tentando reviver a história dos
enamorados que ja não moram mais aqui
:
ícaro e o sábado
a mulher abismo anda a solta
inalcançavel
ledo engano tentar domá-la
ela sabe o quanto vale
do alto do abismo, ela abre uma cadeira de praia,serve-se de óculos escuros.
lá do alto ela te mostra uma rosa vermelha lá
embaixo.muito lá embaixo
ela comenta sem querer que a coisa que mais deseja é aquela flor vermelho-coração
pega pra mim - fala no ouvido do cara deixando sem querer a língua enconstar na orelha
e o cara com toda disposição,sem pestanejar,vai
sentindo-se o superherói sem capa que vai salvar a donzela
enquanto o cara vai, ela pede um martini, se ajeita na cadeira,arruma os óculos e ri orgulhosa
ela sabe do desejo do homem de voar,
sem querer, ela sabe
:
29.11.08
lei áurea
liberdade é pouco,o que eu desejo ainda não tem nome
clarice
liberdade demais atrapalha
dizia o filósofo
liberdade nunca é demais
dizia o detento
liberdade demais é ditadura
disse o solteiro
liberdade pra ser boa, tem de ser controlada
dizia o prefeito
liberdade quas sera tamen
dizia o mártir
liberdade ainda que tardia, mas liberdade
dizia o escravo
liberdade é o caralho
dizia a casa grande
a liberdade é a minha justiça
dizia o preso injustamente
liberdade é querer estar preso
dizia o apaixonado
liberdade é acreditar sinceramente
dizia a menina adolescente
liberdade era escrever sem ter de acertar
:
liberdade é pouco,o que eu desejo ainda não tem nome
clarice
liberdade demais atrapalha
dizia o filósofo
liberdade nunca é demais
dizia o detento
liberdade demais é ditadura
disse o solteiro
liberdade pra ser boa, tem de ser controlada
dizia o prefeito
liberdade quas sera tamen
dizia o mártir
liberdade ainda que tardia, mas liberdade
dizia o escravo
liberdade é o caralho
dizia a casa grande
a liberdade é a minha justiça
dizia o preso injustamente
liberdade é querer estar preso
dizia o apaixonado
liberdade é acreditar sinceramente
dizia a menina adolescente
liberdade era escrever sem ter de acertar
:
26.11.08
duas bocas transcendendo e virando uma
os olhos que se hipnotizam solidários
as mãos que percorrem a sinuosa estrada do corpo. tato pulsante
te amo sussurrado no ouvido em loop recíproco
o suor descomportado já. cumplicidade sem pudor
aquele momento de só abraçar
calar
respirar e ser respirado,
em silêncio
24.11.08
.e a vontade de acelerar
da infância vem as melhores lembranças.
por mais que voltemos agora a andar do que eu chamo de carrinho bate bate,aquele sorriso ingênuo, aquela gargalhada descomportada,aquele olhar a procura do próximo carrinho pra bater,aquele vento na cara despreocupado,aquela vontade de só acelerar. por mais que tentemos, não dá.a ingênuidade acabou.que bom que nos restam as fotos e toda lembrança.e aquele olhar da mãe em pé olhando todo esse banquete de momentos únicos.
*se pelo menos não vivêssemos tentando ser felizes,
até que poderíamos nos divertir bastante
edith warthon
por mais que voltemos agora a andar do que eu chamo de carrinho bate bate,aquele sorriso ingênuo, aquela gargalhada descomportada,aquele olhar a procura do próximo carrinho pra bater,aquele vento na cara despreocupado,aquela vontade de só acelerar. por mais que tentemos, não dá.a ingênuidade acabou.que bom que nos restam as fotos e toda lembrança.e aquele olhar da mãe em pé olhando todo esse banquete de momentos únicos.
*se pelo menos não vivêssemos tentando ser felizes,
até que poderíamos nos divertir bastante
edith warthon
20.11.08
www.divagaçõesapenas.blogspot.com
a questão é:estamos no início ou no fim?
onde é o início?
onde é o fim?
não sei essas respostas.
penso que estamos no meio.
no meio do nada que se instaura
de tempos em tempos
gorete lins
por que ela aos dez já deu
por que ela aos quinze ja tomou tiro e morreu por paixão doentia
por que aos sete o pai e a madastra,jogaram-na pela janela e negaram
por que aos vinte quatro ela casou e chamou a imprensa pra cobrir
por que aos trinta ela se entope de remédio e é isso mesmo
porque aos trinta e um ela faz duas cirgurgias plásticas, a neta uma
por que ela não teve educação. na porrada,resolve assim
por que aos dezesete anos ela fazia o segundo aborto
por que ela nunca teve bom senso.dinheiro,resolve assim
por que ela perdeu o tio assassinado,chefe de milicia e vereador
por que um primo afegão morreu dormindo com cantigas de ninar
por que ela tava de saco cheio de trabalhar em loja
por que o time dela nunca foi campeão de porra nenhuma
por que aos doze sentiu um puta prazer em matar um pombo
por que ela sempre quis uma estrela como animal de estimação
por que os países pra ela são só mapas e WAR aos desesseis anos
por que ela matou os avós e depois se arrependeu,mas acusou o namorado
por que ela namorou o menino que matou no cinema
por que ela matou um traveco e foi ao cinema
por que ela tem roupas dolce gabana,é uma mulher moderna, descolada e completamente integrada com a cultura pop.ela bebe dois ou três uísques.fuma cigarro todo dia,dois maços.tem uma amiga sincera.quando anda,tende levemente pra esquerda.tem mania de perseguição,as vezes.frequenta um clube de campo.tem esperança de ser feliz um dia
:
a questão é:estamos no início ou no fim?
onde é o início?
onde é o fim?
não sei essas respostas.
penso que estamos no meio.
no meio do nada que se instaura
de tempos em tempos
gorete lins
por que ela aos dez já deu
por que ela aos quinze ja tomou tiro e morreu por paixão doentia
por que aos sete o pai e a madastra,jogaram-na pela janela e negaram
por que aos vinte quatro ela casou e chamou a imprensa pra cobrir
por que aos trinta ela se entope de remédio e é isso mesmo
porque aos trinta e um ela faz duas cirgurgias plásticas, a neta uma
por que ela não teve educação. na porrada,resolve assim
por que aos dezesete anos ela fazia o segundo aborto
por que ela nunca teve bom senso.dinheiro,resolve assim
por que ela perdeu o tio assassinado,chefe de milicia e vereador
por que um primo afegão morreu dormindo com cantigas de ninar
por que ela tava de saco cheio de trabalhar em loja
por que o time dela nunca foi campeão de porra nenhuma
por que aos doze sentiu um puta prazer em matar um pombo
por que ela sempre quis uma estrela como animal de estimação
por que os países pra ela são só mapas e WAR aos desesseis anos
por que ela matou os avós e depois se arrependeu,mas acusou o namorado
por que ela namorou o menino que matou no cinema
por que ela matou um traveco e foi ao cinema
por que ela tem roupas dolce gabana,é uma mulher moderna, descolada e completamente integrada com a cultura pop.ela bebe dois ou três uísques.fuma cigarro todo dia,dois maços.tem uma amiga sincera.quando anda,tende levemente pra esquerda.tem mania de perseguição,as vezes.frequenta um clube de campo.tem esperança de ser feliz um dia
:
da luta de classes
(deixe seu recado após o bip
ou terror e café puro)
ele e ela jã não se suportavam
durante o dia todo, pensava sobre aquilo
não atendeu telefone,ligou a secretária eletrônica
já não aguentava aquela situação
queria se ver livre de tudo aquilo
faltava coragem de
(deixe seu recado após o bip
ou terror e café puro)
ele e ela jã não se suportavam
durante o dia todo, pensava sobre aquilo
não atendeu telefone,ligou a secretária eletrônica
já não aguentava aquela situação
queria se ver livre de tudo aquilo
faltava coragem de
de noite pensava olhando um poster:deus e o diabo na terra do sol
custava dormir. notívago.
vagava em casa, as vezes uma caminhada pelo quateirão,cerveja na mão
na quietude de casa, cigarro aceso e reflexões
ela olhou com cara de poucos amigos
ele nem amizade queria mais
ainda sentiam uma coisa um pelo outro. o que era não sei
ela gritava,
berrava verdades que ele não queria crer
ele imóvel,sentado numa poltorna,suava e cigarro aceso
ela o pegou pelos colarinhos_sacudiu-o
ele virou uma chave dentro do peito
terror e café puro
um tiro certeiro no peito.
se ajeitou na poltrona,se serviu de café
e enfim, conseguiu desligar a porra da televisão
:
17.11.08
poema de pé molhado e o dia que o paulinho me tocou
quando chove,
eu chovo
leminski
por que as vezes chove
e dá saudade
ainda tem os filmes itlianos
e dá saudade
os olhos boiando sem derramar
o arrependimento
vale a pena ver de novo,natalia timberg
outra música e a chuva não pára
e dá saudade
os pés molhados,sapatos e meias
na cabeça,um boné verde e uma certa menina
o dia que o paulinho me tocou
chuva.saudade.ela povoando meus pensamentos.um ônibus amarelo parado.engarrafou a chuva.saudade das tardes de chuva.das manhãs e das noites,um só.lua cheia.o paulinho cantou no meu ouvido.o olho não aguentou,sucumbiu.diminuiu o volume do
i pod.sentiu-se olhado.que vergonha,todo mundo vendo o cara chorar ali sozinho.solidário a chuva.
trilha sugerida
pensando em você
paulinho moska
:
quando chove,
eu chovo
leminski
por que as vezes chove
e dá saudade
ainda tem os filmes itlianos
e dá saudade
os olhos boiando sem derramar
o arrependimento
vale a pena ver de novo,natalia timberg
outra música e a chuva não pára
e dá saudade
os pés molhados,sapatos e meias
na cabeça,um boné verde e uma certa menina
o dia que o paulinho me tocou
chuva.saudade.ela povoando meus pensamentos.um ônibus amarelo parado.engarrafou a chuva.saudade das tardes de chuva.das manhãs e das noites,um só.lua cheia.o paulinho cantou no meu ouvido.o olho não aguentou,sucumbiu.diminuiu o volume do
i pod.sentiu-se olhado.que vergonha,todo mundo vendo o cara chorar ali sozinho.solidário a chuva.
trilha sugerida
pensando em você
paulinho moska
:
15.11.08
14.11.08
4.
- só queria uma cerveja e alguém
que segurasse a minha mão
(uma viagem por mais curta que seja,cansa!)
2.
eu ja tô em outro mundo.
choque elétrico]
eu ja tô em outro mundo?
de novo e mais forte]
(o sufocado que respira)
renascia
1.
como quem acorda de um sonho com uma vontade quase incontrolável de uma sexta feira e todo pacote disso.ver gente.se sentir gente.parte integrante de alguma coisa.qualquer.e algumas cervejas
3.
abriu os olhos e não viu ninguém
:
- só queria uma cerveja e alguém
que segurasse a minha mão
(uma viagem por mais curta que seja,cansa!)
2.
eu ja tô em outro mundo.
choque elétrico]
eu ja tô em outro mundo?
de novo e mais forte]
(o sufocado que respira)
renascia
1.
como quem acorda de um sonho com uma vontade quase incontrolável de uma sexta feira e todo pacote disso.ver gente.se sentir gente.parte integrante de alguma coisa.qualquer.e algumas cervejas
3.
abriu os olhos e não viu ninguém
:
11.11.08
9.11.08
da série:contos reunidos
apenas uma história comum
Quando tudo começou ninguém tentou inibir nenhuma sensação. Aos poucos as cores foram tomando corpo e se transformando em contrastes que ofuscavam a consciência ainda entre aberta
A fenda na porta estava anunciando que algo estava por chegar. Mas não se exalte amigo leitor, nessa historia nada vai surpreendê-lo. Espere, já vou contar o que aconteceu.
Não espere nada que vá transformar a sua vida, não espere que nada de extraordinário aconteça dentro de você.
Pois bem, a fenda da porta entre aberta não te causará surpresa, não te deixará ansioso, não causará nada. Apenas uma história comum. Simples e verdadeira.
O vento soprava alto pela fenda de uma das janelas da sala. O som estridente fez com que a moça deitada no sofá acordasse. Ela dormia compulsivamente, fazia da vida uma eterna repetição sem sentido e sem emoção. Chagava do trabalho e ia direto pro prato de sopa, um copo com água gelada, um pão com manteiga e depois o esperado sofá. Deitava e de lá assistia – as primeiras notícias, apenas – o Jornal Nacional e dormia o sono dos justos.
Naquele dia o som do vento a acordou. Ela abriu os olhos, limpou o canto da boca, foi ao banheiro, lavou o rosto, pegou os óculos na mesinha da sala, repleta de elefantinhos, pequenas xícaras de porcelana e três ou quatro cinzeiros devidamente limpos. Ela nunca fumou. - Deixava ali os cinzeiros caso alguém quisesse fumar, embora nunca recebesse visitas. A não ser uns tempos em que ela teve um flerte com um corretor de seguros. O romance acabou por que o homem roubou umas jóias que ela tinha. - Uma propaganda na televisão chamou sua atenção, mas um grande e gostoso bocejo a fez rapidamente se desligar do aparelho. Não, ela não desligou a televisão, só não tinha mais foco. Agora sua atenção voltava-se pro quarto. Ela percebeu por uma fenda na porta a luz acesa. Olhou pra mesa de jantar, redonda com uma toalha com desenhos de temática portuguesa. Uns galos pretos e verdes. Em cima a mesa, o prato de sopa vazio, migalhas de pão, o copo de água pela metade. Na cadeira, quando olhou de soslaio percebeu que suas roupas - as que tinha chegado do trabalho – estavam todas lá.
Rapidamente pensou: eu não entrei no quarto.
Estacou de medo. Na cabeça milhões de pensamentos corriam. Pensou em ligar pra policia, pensou em invadir o quarto, pensou em muitas coisas. Correu pra cozinha e interfonou ao porteiro. Pediu que ele subisse depressa. Na porta, a mulher de camisola rosa puída pelo tempo e pelo sofá. O porteiro cujo nome ela nem sabia, na porta parecia tranqüilo de que tudo estava certo. Ela explicou rapidamente a situação pro porteiro que se apresentou José. Ele temeroso, depois de toda a história que ela tinha contado, foi caminhando lentamente na direção do quarto. Colocou o ouvido na parede por alguns segundos. Nada. Em silêncio balançou a cabeça pra ela. Ela não parecia estar contente e apontou pro quarto. Ele colocou o ouvido na porta do quarto e de lá ouviu-se um barulho. Parecia um barulho de cão, ou algum rosnado parecido. Ela quis gritar, mas se conteve por que José colocava a mão pra calar-lhe a boca. Ainda ocultando sua voz, José mais uma vez aproximou o ouvido da porta. Outro rosnado.
A essa altura ela não se preocupava mais com o barulho, não se interessava tanto com o que acontecia no seu quarto. O coração dela batia acelerado, mas agora, não mais pela interrogação que habitava seu quarto. Aquela mão na boca, aquele toque de uma mão masculina nos lábios faziam-na relembrar tempos em que a vida não era só uma eterna repetição enfadonha. Reprise de noites, de cochilos no sofá. Aquela mão a fez recordar os banhos de chuva, as bebedeiras as terças feiras sem motivo, os tempos que pulava corda na escola, os amigas, a filha, a alegria, enfim... a vida. Há muito tempo não sentia aquele frio na barriga, há tempos não sentia as mãos suar. Ela pensou em mil coisas impublicáveis.
- Acho que é um Morcego. José falou aos sussurros.
- O que?
- Um morcego. A senhora deixou a janela aberta?
Depois de uns dez segundos ou mais ela entendeu sobre o que ele falava.
- É, talvez.
José entrou pelo quarto, devagar foi pra debaixo da cama.
Ela ficou parada olhando o homem entrar embaixo da cama e salvar a donzela indefesa do dragão que habitava sua torre. Experimentava uma sensação desconhecida, pensava ou repensava toda sua vida.
Incrível como em apenas um momento, refletimos uma vida inteira de escolhas.
De repente um vulto passou por ela, bateu no armário e enfim voou pela janela aberta.
Consegui. José deixava escapar um sorriso orgulhoso da vitória.
Ela olhava pra ele com olhos marejados.
- Muito obrigada!
- Até.
José se dirigiu a porta, ela ainda pensou em pedir pra ele ficar, mas não o fez. Da porta José apenas naquele momento percebeu a camisola que ela usava. Ela também percebeu que ele notara. Os dois se olharam num clima que não sabiam bem o que era.
- A senhora não quer me oferecer um café? José dizia em tom envergonhado.
Ela parou, respirou fundo.
- Não. Eu tô sem pó.
- Ta. Tchau. Desculpa.
- Nada José. Nada.
- Boa noite.
E lá foi o José pegar o elevador de serviço e descer. Da porta de casa ela olhava o ponteiro do elevador chegar ao térreo
Não era tesão o que ela sentia. A sensação de prazer não era sexual. Era uma sensação de vida, de que ela podia viver e não apenas fazer parte da vida que ela mesma se impusera.
Trancou a porta, foi até a cozinha, pegou o pó de café, colocou água na cafeteira. Alguns minutos depois tomou o café sentada na mesa da sala. Com um sorriso no rosto pensou que no dia seguinte ia aproveitar o horário de almoço pra comprar um vestido novo. Rosa, talvez.
:
Quando tudo começou ninguém tentou inibir nenhuma sensação. Aos poucos as cores foram tomando corpo e se transformando em contrastes que ofuscavam a consciência ainda entre aberta
A fenda na porta estava anunciando que algo estava por chegar. Mas não se exalte amigo leitor, nessa historia nada vai surpreendê-lo. Espere, já vou contar o que aconteceu.
Não espere nada que vá transformar a sua vida, não espere que nada de extraordinário aconteça dentro de você.
Pois bem, a fenda da porta entre aberta não te causará surpresa, não te deixará ansioso, não causará nada. Apenas uma história comum. Simples e verdadeira.
O vento soprava alto pela fenda de uma das janelas da sala. O som estridente fez com que a moça deitada no sofá acordasse. Ela dormia compulsivamente, fazia da vida uma eterna repetição sem sentido e sem emoção. Chagava do trabalho e ia direto pro prato de sopa, um copo com água gelada, um pão com manteiga e depois o esperado sofá. Deitava e de lá assistia – as primeiras notícias, apenas – o Jornal Nacional e dormia o sono dos justos.
Naquele dia o som do vento a acordou. Ela abriu os olhos, limpou o canto da boca, foi ao banheiro, lavou o rosto, pegou os óculos na mesinha da sala, repleta de elefantinhos, pequenas xícaras de porcelana e três ou quatro cinzeiros devidamente limpos. Ela nunca fumou. - Deixava ali os cinzeiros caso alguém quisesse fumar, embora nunca recebesse visitas. A não ser uns tempos em que ela teve um flerte com um corretor de seguros. O romance acabou por que o homem roubou umas jóias que ela tinha. - Uma propaganda na televisão chamou sua atenção, mas um grande e gostoso bocejo a fez rapidamente se desligar do aparelho. Não, ela não desligou a televisão, só não tinha mais foco. Agora sua atenção voltava-se pro quarto. Ela percebeu por uma fenda na porta a luz acesa. Olhou pra mesa de jantar, redonda com uma toalha com desenhos de temática portuguesa. Uns galos pretos e verdes. Em cima a mesa, o prato de sopa vazio, migalhas de pão, o copo de água pela metade. Na cadeira, quando olhou de soslaio percebeu que suas roupas - as que tinha chegado do trabalho – estavam todas lá.
Rapidamente pensou: eu não entrei no quarto.
Estacou de medo. Na cabeça milhões de pensamentos corriam. Pensou em ligar pra policia, pensou em invadir o quarto, pensou em muitas coisas. Correu pra cozinha e interfonou ao porteiro. Pediu que ele subisse depressa. Na porta, a mulher de camisola rosa puída pelo tempo e pelo sofá. O porteiro cujo nome ela nem sabia, na porta parecia tranqüilo de que tudo estava certo. Ela explicou rapidamente a situação pro porteiro que se apresentou José. Ele temeroso, depois de toda a história que ela tinha contado, foi caminhando lentamente na direção do quarto. Colocou o ouvido na parede por alguns segundos. Nada. Em silêncio balançou a cabeça pra ela. Ela não parecia estar contente e apontou pro quarto. Ele colocou o ouvido na porta do quarto e de lá ouviu-se um barulho. Parecia um barulho de cão, ou algum rosnado parecido. Ela quis gritar, mas se conteve por que José colocava a mão pra calar-lhe a boca. Ainda ocultando sua voz, José mais uma vez aproximou o ouvido da porta. Outro rosnado.
A essa altura ela não se preocupava mais com o barulho, não se interessava tanto com o que acontecia no seu quarto. O coração dela batia acelerado, mas agora, não mais pela interrogação que habitava seu quarto. Aquela mão na boca, aquele toque de uma mão masculina nos lábios faziam-na relembrar tempos em que a vida não era só uma eterna repetição enfadonha. Reprise de noites, de cochilos no sofá. Aquela mão a fez recordar os banhos de chuva, as bebedeiras as terças feiras sem motivo, os tempos que pulava corda na escola, os amigas, a filha, a alegria, enfim... a vida. Há muito tempo não sentia aquele frio na barriga, há tempos não sentia as mãos suar. Ela pensou em mil coisas impublicáveis.
- Acho que é um Morcego. José falou aos sussurros.
- O que?
- Um morcego. A senhora deixou a janela aberta?
Depois de uns dez segundos ou mais ela entendeu sobre o que ele falava.
- É, talvez.
José entrou pelo quarto, devagar foi pra debaixo da cama.
Ela ficou parada olhando o homem entrar embaixo da cama e salvar a donzela indefesa do dragão que habitava sua torre. Experimentava uma sensação desconhecida, pensava ou repensava toda sua vida.
Incrível como em apenas um momento, refletimos uma vida inteira de escolhas.
De repente um vulto passou por ela, bateu no armário e enfim voou pela janela aberta.
Consegui. José deixava escapar um sorriso orgulhoso da vitória.
Ela olhava pra ele com olhos marejados.
- Muito obrigada!
- Até.
José se dirigiu a porta, ela ainda pensou em pedir pra ele ficar, mas não o fez. Da porta José apenas naquele momento percebeu a camisola que ela usava. Ela também percebeu que ele notara. Os dois se olharam num clima que não sabiam bem o que era.
- A senhora não quer me oferecer um café? José dizia em tom envergonhado.
Ela parou, respirou fundo.
- Não. Eu tô sem pó.
- Ta. Tchau. Desculpa.
- Nada José. Nada.
- Boa noite.
E lá foi o José pegar o elevador de serviço e descer. Da porta de casa ela olhava o ponteiro do elevador chegar ao térreo
Não era tesão o que ela sentia. A sensação de prazer não era sexual. Era uma sensação de vida, de que ela podia viver e não apenas fazer parte da vida que ela mesma se impusera.
Trancou a porta, foi até a cozinha, pegou o pó de café, colocou água na cafeteira. Alguns minutos depois tomou o café sentada na mesa da sala. Com um sorriso no rosto pensou que no dia seguinte ia aproveitar o horário de almoço pra comprar um vestido novo. Rosa, talvez.
:
partículas
pequenas partículas
as pequenas coisas
os pequenos problemas
as pequenas mentiras
pequenas partículas
as pequenas coisas
os pequenos problemas
as pequenas mentiras
as pequenas inverdades
as pequenas rusgas
pequenas rugas
as paixões pequenas
as coisinhas pequenas que tal qual neve morro abaixo,
vira bola
as pequenas desilusões
os pequenos recomeços
as dores das pequenas relações
das pequenas visitas
dos pequenos dias da semana
dos pequenos gritos no silencioso as duas e pouco,madrugada
um pequeno lugar pra estar
:
:
7.11.08
um poema se faz pesado aqui
no meu ombro, nas minhas olheiras
dor nas costas, esse poema,
essa cadeira
.
um poema se faz leve como um sorriso de
criança que ganha um brinquedo novo
querendo correr, gritar não sabe o que
a felicidade incontida
.
um poema,
explosão de coisas que não dá pra explicar
ópio de enternecer os olhos
:
5.11.08
prometera não mais comprar cuecas
assinou um abaixo assinado contra a limpeza urbana
queria andar nu de ipanema até a gávea
não queria saber de chocolate, leite condensado, picolé de limão e pingo de leite
dizem que vagava a noite, cigarro aceso, declamando poesias soltas pela orla
quando o dia, os primeiros raios o acordavam, comia bolo ana maria e café puro
dizia aos vizinhos que não era dessa cidade,desse país, quiçá desse planeta
comentava com os porteiros planos infalíveis contra o sistema
dizia-se apolítico
tinha pena das moças magras das revistas: sorrisos pré fabricados,bocas e caras
guardava em casa, uma caixa com fotos antigas
tinha mania de colecionar latas de cerveja
não comprava isqueiros,só usava fósforos
sentia saudade de muita gente e de uma certa menina
não gostava de multidão
nutria intimamente, desejo de se apaixonar,
só não admitia
precisava comprar uma cafeteira pras manhãs
e um cinzeiro pras dores de amar e
não
:
3.11.08
1.11.08
uma parte de mim é todo mundo:outra parte é ninguém:fundo
sem fundo.
uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.
uma parte de mim pesa,pondera:outra parte delira.
uma parte de mim almoça e janta:outra parte se espanta.
uma parte de mim é permanente:outra parte se sabe de repente.
uma parte de mim é só vertigem:outra parte,linguagem.
traduzir uma parte na outra parte
que é uma questão de vida ou morte
será arte?
ferreira gullar.
30.10.08
29.10.08
atravesse na faixa
-sabia que ninguém consegue lamber o próprio cotovelo?
- oi ?
- ninguém consegue lamber o proprio cotovelo
(ela ri)
- eu não vou tentar
- sério.ninguém consegue.num é maluco pensar que tem uma coisa que ninguém sabe fazer ?
- alguém deve saber lamber o cotovelo
- não.niguém
-ta
(ela não quer mais falar com ele)
-com que pé você sai ?
- o que ?
- com que pé você sai quando vai atravessar a rua ?
- com que pé eu saio quando vou atravessar a rua?sei la.nunca pensei
- é.todo mundo sai com o pé esquerdo
- alguém deve sair de pé direito
- ninguém
(pequeno silêncio)
-você é linda sabia ?
(ela meio sem jeito, mas mexida)
-obrigada
-quer tomar um café ?
(ela ia dizer sim.o sinal abriu.num impulso ela atravessou a rua saindo com o pé esquerdo)
- pé esquerdo(ele gritou )
(ela riu vaidosa.voltou pro trabalho.no elevador,discretamente abriu dois botões da blusa
- pra valorizar o decote(pensou, e deixou escapar um sorriso, que o ascensorista pensou ser pra ele)
:
-sabia que ninguém consegue lamber o próprio cotovelo?
- oi ?
- ninguém consegue lamber o proprio cotovelo
(ela ri)
- eu não vou tentar
- sério.ninguém consegue.num é maluco pensar que tem uma coisa que ninguém sabe fazer ?
- alguém deve saber lamber o cotovelo
- não.niguém
-ta
(ela não quer mais falar com ele)
-com que pé você sai ?
- o que ?
- com que pé você sai quando vai atravessar a rua ?
- com que pé eu saio quando vou atravessar a rua?sei la.nunca pensei
- é.todo mundo sai com o pé esquerdo
- alguém deve sair de pé direito
- ninguém
(pequeno silêncio)
-você é linda sabia ?
(ela meio sem jeito, mas mexida)
-obrigada
-quer tomar um café ?
(ela ia dizer sim.o sinal abriu.num impulso ela atravessou a rua saindo com o pé esquerdo)
- pé esquerdo(ele gritou )
(ela riu vaidosa.voltou pro trabalho.no elevador,discretamente abriu dois botões da blusa
- pra valorizar o decote(pensou, e deixou escapar um sorriso, que o ascensorista pensou ser pra ele)
:
direto da geladeira
desejo:
pra bebê,colo de mãe. pra mãe,riso de filho.pros cabelos,vento.pra chuva,pára brisa.pra brisa,rede.pros olhos,paraísos.pra isolados,visita.pra visita,atenção.pra teimosia,não.pra adolescente,chão.pra adulto,ser criança.pra sobreviver,trabalho.pra trabalho,pagamento.pra pobreza,justiça.pra cima,elevador.pra baixo,tobogã.pra casados,liberdade.pra solteiros,companhia.pra companhia,uma boa pessoa.pra pessoas em geral,alegria.pra coisas,nomes.pra menina,cor de rosa.pra flor, um regador.pra dor,anestesia.pra prazer,suspiros.pras mãos,apertos
adriana falcão
pra bebê,colo de mãe. pra mãe,riso de filho.pros cabelos,vento.pra chuva,pára brisa.pra brisa,rede.pros olhos,paraísos.pra isolados,visita.pra visita,atenção.pra teimosia,não.pra adolescente,chão.pra adulto,ser criança.pra sobreviver,trabalho.pra trabalho,pagamento.pra pobreza,justiça.pra cima,elevador.pra baixo,tobogã.pra casados,liberdade.pra solteiros,companhia.pra companhia,uma boa pessoa.pra pessoas em geral,alegria.pra coisas,nomes.pra menina,cor de rosa.pra flor, um regador.pra dor,anestesia.pra prazer,suspiros.pras mãos,apertos
adriana falcão
28.10.08
discordâncias
e a vontade da não calar
começou muito estranho
sabe aquele limite entre a brincadeira e o falar serio?
quando não se tem certeza de nada e nem "coragem" de perguntar: vem cá, é isso mesmo?
e assim foi andando
as brincadeiras quase virando mordida
o não querendo vestir sim
coincidencias ou não, gostavam das mesmas coisas
encontraram-se no cinema,por acaso.
café antes de começar o filme e sorrisos
pipoca durante
enfim, não se passa impune a um filme bom:
cerveja depois e mais sorrisos
no fim da noite, na despedida,pararam de rir.se olharam e a vontade de ambos
ja tava nua ali, na frente dos dois.com os olhos intensos e linkados:
- então tchau
- melhor não, né?
- acho que sim
- eu queria
- eu também
- então
- tem umas vontades que é melhor a gente fingir que não tem
ligou o carro e foi embora discordando
:
e a vontade da não calar
começou muito estranho
sabe aquele limite entre a brincadeira e o falar serio?
quando não se tem certeza de nada e nem "coragem" de perguntar: vem cá, é isso mesmo?
e assim foi andando
as brincadeiras quase virando mordida
o não querendo vestir sim
coincidencias ou não, gostavam das mesmas coisas
encontraram-se no cinema,por acaso.
café antes de começar o filme e sorrisos
pipoca durante
enfim, não se passa impune a um filme bom:
cerveja depois e mais sorrisos
no fim da noite, na despedida,pararam de rir.se olharam e a vontade de ambos
ja tava nua ali, na frente dos dois.com os olhos intensos e linkados:
- então tchau
- melhor não, né?
- acho que sim
- eu queria
- eu também
- então
- tem umas vontades que é melhor a gente fingir que não tem
ligou o carro e foi embora discordando
:
27.10.08
imagine um puta antes
After.
1 lata de leite condensado
1 colher de sopa de margarina sem sal
7 colheres de sopa de Nescau ou 4 colheres de sopa de chocolate em pó
chocolate granulado para fazer bolinhas
modo de preparo
coloque em uma panela funda o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó.
cozinhe em fogo médio e mexa sem parar com uma colher de pau.
cozinhe até que o brigadeiro comece a desgrudar da panela.
deixe esfriar bem, então unte as mãos com margarina, faça as bolinhas e envolva-as em chocolate granulado e bom apetite
pra depois!
:
After.
1 lata de leite condensado
1 colher de sopa de margarina sem sal
7 colheres de sopa de Nescau ou 4 colheres de sopa de chocolate em pó
chocolate granulado para fazer bolinhas
modo de preparo
coloque em uma panela funda o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó.
cozinhe em fogo médio e mexa sem parar com uma colher de pau.
cozinhe até que o brigadeiro comece a desgrudar da panela.
deixe esfriar bem, então unte as mãos com margarina, faça as bolinhas e envolva-as em chocolate granulado e bom apetite
pra depois!
:
26.10.08
25.10.08
com todas as setas apontando um futuro de coisas inexplicáveis. um futuro onde tudo serve.qualquer coisa é legal.se tem um minimo de desprendimento e carisma,ja serve
quando todos os olhares estão concentrados nisso,
me afasto
me pego com as palavras
a simplicidade e o prazer das palavras
e o resto, sinceramente,perfumaria
quando todos os olhares estão concentrados nisso,
me afasto
me pego com as palavras
a simplicidade e o prazer das palavras
e o resto, sinceramente,perfumaria
23.10.08
a goiabeira de são pedro
(o amor e suas[primeiras]quedas)
debaixo de um pé de goiaba,ja começava a cair o sol, cinco e pouco
os dois fartos de comer fruta
cansados,extenuados e sem vontade de voltar pra casa
clariceeeeeee - ouviu a voz da mãe chamando
- eu tenho de ir. minha mãe ta me chamando
- ah, não vai não.
-tenho de ir.tchau
e saiu saltitante, a bela menina de olhos claros.
- peraí - gritei num súbito de coragem
ela parou
- eu acho que se você for agora, eu nunca mais vou te ver - confesso que não sei de onde saiu aquilo
ela me olhou, deu o sorriso mais bonito e sincero que ja vi até hoje e me disse singela: nunca mais é muito tempo. eu volto na semana santa.
aquilo me deixou nas nuvens.me bateu num lugar que eu não tinha ideia como era. um menino de nove, dez anos encontrando pela primeira vez algo parecido com amor.lembro que fiquei uma semana pensando nela, duas semanas, três, quatro,sei la não lembro ao certo, mas enfim veio a semana santa. são pedro,la fomos nós.pai, mãe,irmão e
eu fiquei na porta da minha casa fingindo que brincava de alguma coisa, com pedras, não lembro. tava ali espreitando pra ver quando ela ia chegar. surgiu na esquina o carro dela. chegaram!
o carro estacionou e a clarice não saiu de lá. noutro súbito de coragem(que não trago mais) perguntei: a clarice não vem dona angela?
- não tatá, ela ficou com o pai no rio
- mas ela falou que vinha...
fiquei triste, sofri. pela primeira vez experimentva o amor e suas quedas.um misto de saudade e me sentir traído.se ela não vinha, por que falou...e uma pedrinha desviou minha atenção.a vida dava mostra de que essas coisas são assim mesmo: uma menina mais velha, devia ter uns treze anos, que me olhava brincar com as pedras, começou a brincar comigo,jogar pedras, como se fossem bola de gude.nos divertimos,corremos,sorrimos,gargalhamos fazendo careta, brincamos e por alguns momentos eu realmente esqueci a clarice. quando ja começava a cair o sol, cinco horas mais ou menos,eu falei:
você gosta de goiaba?
vamu na goiabeira?
:
(o amor e suas[primeiras]quedas)
debaixo de um pé de goiaba,ja começava a cair o sol, cinco e pouco
os dois fartos de comer fruta
cansados,extenuados e sem vontade de voltar pra casa
clariceeeeeee - ouviu a voz da mãe chamando
- eu tenho de ir. minha mãe ta me chamando
- ah, não vai não.
-tenho de ir.tchau
e saiu saltitante, a bela menina de olhos claros.
- peraí - gritei num súbito de coragem
ela parou
- eu acho que se você for agora, eu nunca mais vou te ver - confesso que não sei de onde saiu aquilo
ela me olhou, deu o sorriso mais bonito e sincero que ja vi até hoje e me disse singela: nunca mais é muito tempo. eu volto na semana santa.
aquilo me deixou nas nuvens.me bateu num lugar que eu não tinha ideia como era. um menino de nove, dez anos encontrando pela primeira vez algo parecido com amor.lembro que fiquei uma semana pensando nela, duas semanas, três, quatro,sei la não lembro ao certo, mas enfim veio a semana santa. são pedro,la fomos nós.pai, mãe,irmão e
eu fiquei na porta da minha casa fingindo que brincava de alguma coisa, com pedras, não lembro. tava ali espreitando pra ver quando ela ia chegar. surgiu na esquina o carro dela. chegaram!
o carro estacionou e a clarice não saiu de lá. noutro súbito de coragem(que não trago mais) perguntei: a clarice não vem dona angela?
- não tatá, ela ficou com o pai no rio
- mas ela falou que vinha...
fiquei triste, sofri. pela primeira vez experimentva o amor e suas quedas.um misto de saudade e me sentir traído.se ela não vinha, por que falou...e uma pedrinha desviou minha atenção.a vida dava mostra de que essas coisas são assim mesmo: uma menina mais velha, devia ter uns treze anos, que me olhava brincar com as pedras, começou a brincar comigo,jogar pedras, como se fossem bola de gude.nos divertimos,corremos,sorrimos,gargalhamos fazendo careta, brincamos e por alguns momentos eu realmente esqueci a clarice. quando ja começava a cair o sol, cinco horas mais ou menos,eu falei:
você gosta de goiaba?
vamu na goiabeira?
:
22.10.08
21.10.08
demanhã
é assim mesmo
era meu livro de contos que eu via descendo as escadas/ ela saiu correndo assustada com tudo aquilo/eu ja não queria mais impedi-la/quer ir, vai -pensei comigo/ela não entendeu nada do que falei antes/ela levou tudo pro outro lado/e eu não tinha a menor paciência de dizer:não é nada disso/é isso que você acha?tudo bem, faz o que você quiser- falei pra ela/ela me olhou da porta, chamou o elevador/sabe que se eu for agora não volto mais né?nem telefone/entende isso?-ela me disse com a assertividade de um político poderoso/eu falei:faz o que você achar melhor/o elevador chegou, ela abriu a porta e disse tchau/o elevador desceu, ela foi embora/era o meu livro de contos que descia/as escadas/foi melhor/melhor um livro que dá tchau do que um sorriso meio amarelo de manhã/
é assim mesmo
era meu livro de contos que eu via descendo as escadas/ ela saiu correndo assustada com tudo aquilo/eu ja não queria mais impedi-la/quer ir, vai -pensei comigo/ela não entendeu nada do que falei antes/ela levou tudo pro outro lado/e eu não tinha a menor paciência de dizer:não é nada disso/é isso que você acha?tudo bem, faz o que você quiser- falei pra ela/ela me olhou da porta, chamou o elevador/sabe que se eu for agora não volto mais né?nem telefone/entende isso?-ela me disse com a assertividade de um político poderoso/eu falei:faz o que você achar melhor/o elevador chegou, ela abriu a porta e disse tchau/o elevador desceu, ela foi embora/era o meu livro de contos que descia/as escadas/foi melhor/melhor um livro que dá tchau do que um sorriso meio amarelo de manhã/
20.10.08
18.10.08
viva o idiota
de férias de gente chata
preguiça do malandragem que antes de qualquer coisa: não!
sem saco praquele maluco que tem uma nuvem negra particular sobre a cabeça
relâmpagos e trovoadas,leva pra tudo que é canto
tédio de negozinho que só sabe dizer ai, será?!
porra,
me deixa ser idiota
me deixa pensar que vai dar certo,
ainda quero acreditar
deixa ser, só pra rir depois -que seja.
na boa,
me deixa
:
de férias de gente chata
preguiça do malandragem que antes de qualquer coisa: não!
sem saco praquele maluco que tem uma nuvem negra particular sobre a cabeça
relâmpagos e trovoadas,leva pra tudo que é canto
tédio de negozinho que só sabe dizer ai, será?!
porra,
me deixa ser idiota
me deixa pensar que vai dar certo,
ainda quero acreditar
deixa ser, só pra rir depois -que seja.
na boa,
me deixa
:
batente da porta
nenhum desses que me desenho
nenhum daqueles que me imaginam
nenhum eu aqui
incoerência de mim mesmo
todos
nem sempre ao mesmo tempo
viajante de estrada de chão
barro,pedra e poeira
as pegadas ficam no chão
caminho em frente
não olho pra trás
realmente nenhum desses que desenho
e
todos,numa estrada
barro,pedra e poeira
17.10.08
divagações entrevista
um sonho?
- um sonho? depilar o tony ramos todinho!
rosemary pinheiro
esteticista-depiladora
oito anos de serviços prestados no Poko Pelo
- um sonho? depilar o tony ramos todinho!
rosemary pinheiro
esteticista-depiladora
oito anos de serviços prestados no Poko Pelo
14.10.08
8.10.08
7.10.08
6.10.08
pane!
q é um cinzeiro q tu
motor de avião q não sei mexer
a volta q ainda não
por onde andou nesse quando?
caiu um ou uma asa com defeito
pra q uma coisa q não nada,pra q?
se não tem mais senão
e ainda assim vazar o oleo diesel,
gosto de fumaça na boca
e esse quas quas quas todo e muito mais
é uma acelerada q vem e fala
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eu?
- tatá.
- to correndo.sempre pressa.meio atrasado.ligação perdida.olhar atento.desculpa o atraso.to indo embora.quer carona?aqui desse lado,aqui..assim mesmo.meu fluminense e meus desejos.um beijo do seu.eu aqui em qualquer lugar aqui, espaço pra vazão a idéias. ficção criando uma verdade pseudo pessoal. "eu quero uma verdade inventada"
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