[em replay]
e agora poeta?
o que faço eu com todas essas palavras lindas que me escreveste?
choro sobre elas?
tento beija-las?
rasgo? jogo-as no lixo?
por que palavras pra ti são mais fáceis que as chuvas no verão.
palavras pra ti são como as folhas que caem secas nos outonos.
mas as palavras não satisfazem todos os sentidos.
não posso eu me contentar com textos bonitos e atitudes covardes.
eu sei poeta, que há nelas uma magia, há nas palavras que me escreves uma vida, e me faz tremer de medo da realidade furtiva.
sim, poeta, as palavras fazem o coração inflar de contentamento e doçura.
mas é pouco. só as palavras não sustentam
amor exige atos que falem mais que palavras. amor exige vida, toque, arrepio, frio na barriga. exige contato!
não poeta,
não podes se esconder atrás das tuas frases mais ou menos bem formuladas.
não poeta, não pode tu, achar que o mundo vai parar para que tu escrevas tuas linhas de amores.
Poeta, não penses tu que pode fazer o que quer. suas eternas e platônicas musas.
amor platônico poeta, não mais.
não ache você que toda mulher é uma música para ouvir ou um boa historia pra se contar.
ou escrever
não pode, poeta.
não tens o direito de achar que a vida de uma mulher cabe em um de seus poemas.
por que não cabe!
a vida de uma mulher não cabe dentro de uma folha de papel.
o amor não cabe, de maneira alguma, numa caneta tinteiro e um bocado de idéias românticas.
o amor, poeta, não é esse escrito por ti. o amor é real. é vivo,e
se ele fica limitado a essa folha de papel,
tem outro nome.
poesia se preferires.
Desculpe-me poeta,não é amor.só estórias
estórias que só satisfazem o teu ego burro.estórias que tu crias como escudo pra se defender da vida que tens medo
estórias não podem ser mais interessantes que a vida.
meu conselho para ti, poeta?
Viva!
teus escritos não imitam a vida nem o amor.
são apenas boas e românticas estórias da sua cabeça,
poeta.
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