divagações concretas concretudes abstratas

e um copo vazio está
cheio de ar

23.2.08

gorete city

I
Gorete city amanhace nebulosa entre nuvens cinzas e sapatos largados pelas calçadas. O dia promete fabulas e sorrisos, mas quem vive realmente por lá sabe como os vulcões ainda estão em erupição. Nas padarias, é possível ver ainda alguns palhaços e duas ou três bailarinas com anteninhas e asas nas costas.

I.b
a tarde em Gorety city se revela em vermelho e amarelo. Por entre as plantas dos jardins das pequenas colombinas, as ruas estão movimentadas. Serpentinas e confetes estão excitadissimos na ansia do está por vir.Mas a noite promete chuva. Os confetes não gostam muito da chuva. As serpentinas?Talvez


em tempo: Tudo na vida é finito. Menos o guarda-chuva!




II
uma rua de paralelepípedos. Indios, piratas, pierrots, e um pequeno mamute de proveta.Uma máscara largada pelo chão.Uma gravata borboleta tenta voar se refazendo em sua primeira embriaguez etílica.Uma moça avantajadamente gorda reje tal qual um maestro russo um coral de grilos cantantes.
uma noite, quase aurora, por gorete city

ainda em tempo: O bom treinador é aquele que faz uma boa leitura do jogo antes dos outros.



III
motos e carros
bicicletas e alguns velocípedes azul piscina.sonhadores e poetas discutem projetos sobre possiveis estatutos e promessas.
guerra e paz. uma abelha rainha decadente junta dinheiro pra mais uma - terceira, segundo me contaram - aplicação de botox. dois zangões conversam numa esquina iluminada por vaga-lumes.
- Viu? e olha que ela ja foi rainha de bateria da Caprichosos. Já foi até capa da Manchette.- é...imagina ela vinte anos atrás.


I.c
algumas esquinas em gorete city

II.b

II.c ( em sentido amplo e literal)
a chuva não deu trégua. As pequenas joaninhas se escondiam do temporal embaixo de uma frondosa goiabeira. Confesso que o clima não era bom. Cinza no céu.de repente e não mais que isso, uma pequena fada de varinha de condão em punho, trouxe numa cesta, tal qual a chapeuzinho, confetes para todos.a partir daí, as joaninhas, os mamutes de proveta, as chimpanzés nascidas em cativeiro, os periquitos, os canarinhos, as gravatas borboletas enfim puderam sorrir o sorriso mais brilhante e sincero de Gorete city.
todos se deram conta que a chuva era uma miragem.
cessou a torneira do céu




em tempo: se o coração é de papel, o que ele deve fazer nesse período de chuvas?

II.d
.








em tempo: ainda restam flores de plástico no jardim

IV
aquela música do los hermanos.as abelhas voltaram pras colmeias. As gravatas borboletas voltaram voando para os garçons, joaninhas e mariposas se esconderam.os palhaços voltaram ao circo.as gravatas voltaram mais cinzas.em gorete city nada acontece ao acaso.novas esquinas e novo sistema de metrô, são as promessas do Galo de campina, o prefeito.Muita gente sorrindo, um chacal emberbe se exalta.
- ta parecendo uma festa parnasiana, me confidenciou o poeta!







em tempo: Se a Aurora fosse sincera, que bom que era, meu Deus. e a música? ia existir?


IVb
no meio de um milhão de pessoas entre três milhões de pingos de chuva debaixo de algumas centenas de folhas
cercados por alguns milhares de sorrisos
o pequeno pierrô molhado, tinta escorrendo pela cara, se encantou com uma cinderela que descuidadamente derrubou água de cheiro na roupa dele
- olho brilhando, pierrô?! quem diria... - entre risos falou um pirata de um olho só.




em tempo: agora sim, mãos a obra !


V
a primeira vez que aquela ex dançarina do Fantástico passeava pelas ruas dali. Ela parecia liberta. As algemas estavam folgadas, eram feitas de lençol de vaquinhas.Caminhava incognita olhando as pessoas como que pedindo:Lembra de mim?O rosto coberto de maquiagem e a alma coberta de sentimentos pequenos.Uma pequena fadinha aprendiz no meio de acordes de trombone puxa a barra da saia dela. Ela sorri feliz pra menina. Na sua felicidade quase incontida revela: Quer um autógrafo? A menina com impaciencia estampada no rosto:- Você ta pisando no meu pé!A ex dançarina do Fantástico se riu.Foi comprar uma cerveja.




em tempo: os passos se perdem
as pessoas se vão
as palavras me faltam
a saudade do que não sei
aperta a torneira e fecha esse pinga pinga na cozinha.
o sono me toma

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to correndo.sempre pressa.meio atrasado.ligação perdida.olhar atento.desculpa o atraso.to indo embora.quer carona?aqui desse lado,aqui..assim mesmo.meu fluminense e meus desejos.um beijo do seu.eu aqui em qualquer lugar aqui, espaço pra vazão a idéias. ficção criando uma verdade pseudo pessoal. "eu quero uma verdade inventada"

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