divagações concretas concretudes abstratas

e um copo vazio está
cheio de ar

28.7.08

os amores que eu não tive coragem

I

ela entrou no ônibus, me notou-não me olhou- só me notou - sentou numa cadeira atrás da minha. ela era uma morena bonita, pequena, rosto marcante, traços fortes.chiclete na boca.cara de surfistinha. gostei dela. olhei pra trás. ela tava me olhando e quando me viu virou a cabeça pra olhar o Aterro qua passava rápido. eu lia um livro e as vezes virava a cabeça pra trás pra olhar pra ela. fiz isso umas três vezes espaçadamente. ela não me olhou nenhuma das três.bom,não vai rolar-pensei e relaxei.fui ver também as luzes da praia de botafogo. sou daqui mas as vezes paro e fico olhando admirado a praia de botafogo.tantas luzes.a moreninha levantou e foi falar alguma coisa com o motorista, ja ia descer.enfim, o pensamentos rapidamente se voltaram pra quinta feira.outro dia de trabalho e coisas. tenho de acordar cedo pra resolver as coisas do carro. tenho que ligar pra net pra falar aquelas coisas, que saco.minha rua chegando,levantei e dei de cara com a moreninha.descemos no mesmo lugar. falei alguma coisa com ela que respondeu com um sorriso.convidei pra tomar um café e ela aceitou. ficamos conversando um tempão sobre essas coincidências da vida. sobre como as pessoas as vezes têm de se encontrar. e depois do café, pedimos outro. fumamos um cigarro. ficamos. beijamos muito. fomos pra minha casa. transamos a noite inteira. nos apaixonamos naquele mesmo dia e até hoje a gente vive junto.parece que a gente tinha de se conhecer.eu e a moreninha de traços fortes.
II
...
levantei e dei de cara com a moreninha, falei alguma coisa.ela seca e fria respondeu:não!
morávamos na mesma rua.ela ia na frente eu atrás.ela virava a cabeça pra trás pra me olhar.fez isso espaçadamente.o olhar dela me parecia mais de medo que outra coisa.eu fiquei pensando se eu ja a conhecia, se de repente a gente ja tinha se cruzdo por aqui.ela entrou num portão.subiu. continuei andando em direção a minha casa.na mesma rua.
III
...
levantei de dei de cara com a moreninha.ela me olhou num misto de surpresa e querência.se é pra falar alguma coisa que seja agora - pensei. não falei nada.ela desceu, eu desci atrás. a gente morava na mesma rua. ela caminhando na frente eu atrás.de vez em quando ela olhava pra trás com olhar de medo. pra não deixa-la com esse sentimento, atravessei a rua e fui pra outra calçada. ela entrou num prédio.subiu.eu continuei andando em direção a minha casa.
IV
- eu olhei pra ele e sei lá, senti uma coisa diferente. sentei atrás dele no ônibus.pra ficar perto. fiquei olhando pra nuca dele pensando: me olha!ele não olhava. teve uma hora que ele virou pra trás.me viu olhando pra ele. fiquei com vergonha. virei o rosto pra janela.fingi que tava olhando pro Aterro.pecebi que ele olhou pra trás mais umas vezes.espaçadamente.sou daqui mas as vezes paro e fico olhando admirada o Aterro.fiquei olhando e achando lindo.tantas luzes.e depois ele não olhou mais.não vai rolar-pensei.ele tava com a cabeça encostada na janela do ônibus, acho que tava lendo um livro também.Dalton Trevisan.depois fechou o livro e ficou olhando a praia com uma carinha. tava com uma vontade de falar isso pra ele.chegava meu ponto. levantei.ia descer já. ele veio na minha direção.parou atrás de mim.descemos no mesmo ponto.eu ia na frente ele atrás. olhei ainda umas vezes pra trás mas ele atravessou a rua.acho que a gente mora perto.entrei no meu prédio.ainda dei uma olhada praquele menino.da minha rua.

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to correndo.sempre pressa.meio atrasado.ligação perdida.olhar atento.desculpa o atraso.to indo embora.quer carona?aqui desse lado,aqui..assim mesmo.meu fluminense e meus desejos.um beijo do seu.eu aqui em qualquer lugar aqui, espaço pra vazão a idéias. ficção criando uma verdade pseudo pessoal. "eu quero uma verdade inventada"

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