divagações concretas concretudes abstratas

e um copo vazio está
cheio de ar

16.9.11



o som de uma bola de tênis batendo contra a parede.
repetição monótuna desse som
a velocidade com que a bola de tênis chega à parede vai
aumentando gradualmente até que
uma maçã-na mesma velocidade da bola de tênis- é atirada contra a parede se
espatifando inteira (!)
sujando todo o chão.
Em pedacinhos, a maçã.
a bola de tênis continua seu movimento contra a parede.


Só se lembra de ser tirada à força dos braços de seus pais.
Não sabe como foi jogada numa caixa junto com várias
parentes - suspeitava - que se pareciam demais com ela.
Dali então ficou um tempo em comunhão com aquelas - digamos- amigas.
Semanas na mesmíssima posição, olhando as mesmas figuras, as mesmas cores sempre.
Não estava aguentando a repetição infindável em que a vida dela se transformara. Ora bolas!
Com um mundo desse tamanho, grande assim, com tanta coisa pra conhecer, tantos ares pra
se respirar, tantas cores, por que eu só vou conhecer o vermelho?Por que? - Falava consigo mesma.
Um dia , lembra-se, que apareceu numa bonita loja, com ar condicionado, pessoas bonitas, as vezes tinha até música.
Uma senhora loira pegou-a nas mãos:
- Olha que bonita. Vou levar.
Dali ela só se lembra de uma escuridão muito grande.
Então saiu da escuridão e entrou num lugar iluminadíssimo, parecia um nave ou alguma coisa assim.
E logo depois, mais escuridão.Escuro e frio.Muito frio.Durante horas naquele frio enorme, naquele escuro, naquela solidão extrema.
De repente no meio da tarde, uma mão pegou-a e a colocou dentro de uma outra caixa, junto com uma bola de tênis.
o amor escolhe as coisas mais insignificantes pra mostrar sua força.
Ela se apaixonou na hora. Nunca vira um amarelo tão bonito quanto aquela bola felpudinha. Aqueles pelinhos deixavam-na sem freios. E aquelas letras escritas: Wilson. Tenis.Professional. Se apaixonou à primeira vista.Enlouquecidamente. Como quem toma alguma droga muito forte. Alucinada por aquela bolinha amarela de tênis.Ela começou a fazer milhares de planos, se imaginar em diversos lugares ao lado daquela bolinha amarela. No meio de um sonho desses, sentiu a bolinha de tênis sumir. Não sentia mais o calor daquela bolinha felpudinha. O desepero bateu forte. Ela não sabia o que estava contecendo, mas por uma fresta na caixa, conseguiu ver, do lado de fora da caixa, uma menina jogando a bolinha amarela contra a parede. Em desespero profundo, num ato impensado, ela fez uma força descomunal e conseguiu.Pasmem!Ela conseguiu, como que por mágica, saltar fora da caixa ultrapassando, tal qual uma atleta de salto com vara, o limite da caixa. Foi aparecer ao lado da menina que jogava a bolinha amrela contra a parede. Se ofereceu pra salvar a bolinha amarela.Um ato de bravura.Ou burrice, sei lá.
Quando ela sentiu o calor da mão da menina, falou pra si mesmo resignada: - Pelo menos eu conheci o amor.
E sorriu.
A menina pegou a maçã e como se fosse a mesma bolinha amarela.
Arremessou com toda força contra a parede.


:






2 comentários:

Pepê disse...

instigante e vivo.
valeu

Hgo disse...

boa!

eu?

Minha foto
to correndo.sempre pressa.meio atrasado.ligação perdida.olhar atento.desculpa o atraso.to indo embora.quer carona?aqui desse lado,aqui..assim mesmo.meu fluminense e meus desejos.um beijo do seu.eu aqui em qualquer lugar aqui, espaço pra vazão a idéias. ficção criando uma verdade pseudo pessoal. "eu quero uma verdade inventada"

leia me

outras divagações


[alter]ego marginal

quantas?

free counter