divagações concretas concretudes abstratas

e um copo vazio está
cheio de ar

24.10.09

de frente um apartamento, duas mulheres, não sei se são irmãs, primas, amigas ou namoradas.essas coisas estão sempre tão perto hoje em dia.decoração barroca, muitas borboletas coloridas e uma televisão no girovisão em um dos dois quartos. a televisão fica ligada vinte quatro horas por dia.tendo ou não gente habitando ali, a televisão segue ligada.




abaixo, a esquerda apartamento de quarto e sala, um homem e uma mulher.estão jogando baralho.hoje é sexta, são onze e trinta e um e eles jogam baralho.não sei, acho que são casados.




mais a esquerda, uns andares acima um casarão, triplex, onde de vez em quando acontecem umas festinhas.adolescentes bebendo e fumando maconha.apartamento do tipo que está em alguma pendenga judicial e o proprietário consegue arrumar um qualquer com o apezão do avô.



mais abaixo uma familia:um homem, que aparenta por volta de trinta anos,uma mulher que anda pela casa de camisola do frajola, e um casal mais velho.ninguém se fala nessa casa.eles não trocam uma palavra sequer, não sei por que. nunca os vi trocando uma palavra sequer.





a direita lá embaixo no segundo andar, um dos mais divertidos, um dois quartos.o apartamento sempre fica com as cortinas fechadas.persianas, melhor dizendo.de uns tempos pra cá, não sei por que eles tão abrindo as persianas durante o dia e de noite, sem dúvida, fechado. e com o tempo, esse abrir e fechar deixou umas partes da persiana avariadas.e agora sim, consigo interagir.mas só pequenos momentos de vida.fragmentos pinterianos.

ela acendeu a luz.andou pra frente.ela abriu o armário, tirou a alcinha da camisola.andou e saiu de quadro.
nada acontece durante um tempo.
ela apareceu na sala.ele no quarto.
ele calça um sapato.não, um tênis preto e sai de quadro.
ela, na sala, senta na cadeira.está de vestido azul claro.bonito,o vestido.e sai de quadro.
ele entra na sala e sai de quadro
tempo e que nada acontece
e a familia continua a não se falar
as festas continuam tocando músicas
eles continuam jogando baralho
a televisão lá,continua ligada

e tocou uma música do arnaldo antunes!
uma luz branca cortando o ar esfumaçado
e pano rápido.



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to correndo.sempre pressa.meio atrasado.ligação perdida.olhar atento.desculpa o atraso.to indo embora.quer carona?aqui desse lado,aqui..assim mesmo.meu fluminense e meus desejos.um beijo do seu.eu aqui em qualquer lugar aqui, espaço pra vazão a idéias. ficção criando uma verdade pseudo pessoal. "eu quero uma verdade inventada"

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