divagações concretas concretudes abstratas

e um copo vazio está
cheio de ar

28.4.09

frio,
o mundo ta rodando e não é metáfora
e eu quadrado.
os carros acelerando forte e isso é uma metáfora
e eu quadrado.

enquadrado de corpo e olhos.alma e pele.cheiro e tesão
enquadrado de o mundo no meu quarto e sala
enquadrado de muito do silêncio que a gente não escuta a noite
enquadrado como uma obra.
obra
com derme, epiderme e corte profundo
fluida,sincera,real e totalmente
surreal
obra viva.obra de pé descalço correndo na orla
puta que pariu,
totalmente enquadrado e
amarradão


é


:

23.4.09

eles estão chegando em um restaurante, acabaram de brigar.ele discordou dela em um assunto de trabalho.eles sentam, cada um pega o seu cardápio e pensam o que vão comer.ele pensa:esse galetinho a campanha.ela pensa:esse galetinho a francesa.

Ele diz:vamos comer o que?
Ela diz:não sei.o que você quer comer?
Ele pensa:galeto a campanha.
Ele diz:você que sabe.
Ela diz: galeto?
Ele diz:galeto.
Ela diz:galeto com o que?
Ele pensa:a campanha
Ele diz:você que sabe.
Ela diz:e esse galeto a francesa,será que é bom?
Ele pensa:merda!
Ele diz:é.deve ser.tem a campanha também.
Ela pensa: argh
Ela diz fazendo uma careta:ai,a campanha é ruim.
Ele sem graça diz:pede a francesa então aí.
Ela diz:não quer a francesa?quer a campanha?
Ele diz:não, com a cara feia que você fez aí.deve ser muito nojento o galeto a campanha daqui.
Ela:não,eu tava brincando.pede então a campanha.pede aí.
Ele pensa calado:puta que pariu.
Ela diz: pede a campanha aí.
Ele diz:não, não quero a campanha.
Ela diz:ai, pára de melindrezinho bobo, mocinho..
Ele estoura e diz quase gritando: eu não quero a campanha.

ela levanta pega a mochila e sai deixando a cadeira cair no chão.ele continua na mesma posição de antes.pede um galeto a campanha. Tempo em que nada acontece. entra um garçom trazendo a comida.

Garçon:bom apetite.
Ele:obrigado.traz uma coca,por favor.
Garçon:normal ou light?
Ele:normal.
Garçon:e temos a zero também.
Ele de forma mais ríspida:normal.

O garçon sai.
Ele se serve de arroz,feijão,farofa,uma asa,uma coxa e um pedaço de tomate.
Começa a comer.

Entra o garçon:sua coca cola(irônico)normal
O garçon sai.

Ele começa a comer.tempo comendo.ela volta, senta na cadeira, acomoda a mochila em outra cadeira,arruma os talheres e se serve de uma coxa e uma asa.e um tomate.os dois comem em silencio e sem se olhar em nenhum momento.
Tempo.
ela:posso pedir a conta?
Ele:pode.
Ela:não quer café?
Ele:não.
Pausa

Ele chama o garçom pra pedir a conta.
pano rápido

:

14.4.09

o senhor perfeito
por que o crescimento se dá na imperfeição


agora ele,
com o cabelo devidamente penteado,
a camisa azul, passada impecavelmente pra dentro da calça.
sapatos lustrosissímos combinando com o cinto de couro sintético.
ele fala piadinhas engraçadas,ele tem esposa, filhos,uma familia feliz e sorridente com direito a cachorro e papagaio. o papagaio ele teve de doar pra uma tia que mora em irajá, por que o bicho é protegido pelo ibama.
ele tem os dentes branquissimos e sorrisos sempre a postos pra mais uma foto pro Globo.
nunca traiu a mulher, é católico não muito presente na igreja,torce pelo flamengo, que é o time da maioria, condena o aborto,não bebe e nunca usou drogas. vai a todos os programas de televisão chamando todos os apresentadores pelo primeiro nome e com coloquialidade forçada,porém sem nunca errar o português.se veste sempre com cores neutras pouco chamativas, por que diz que não quer chamar a atenção.
ei-lo, senhoras e senhores,o senhor perfeito!
sempre tive um pouco de pé atrás com esse seres muito perfeitos.os herois de plástico dos nossos tempos que a gente tem de engolir a seco goela a baixo.
perfeição demais me soa um ser humano-fraude.
o populismo e uma aparente perfeição escondem em algum lugar fantasmas,furstrações e buracos imensos.
ele, o senhor perfeito
agora decide murar as favelas, ele alega que com isso vai combater a devastação da area verde e assim diminuir o crescimento da favela.
a falencia total do estado. o nosso plastificado e perfeito prefeito assume a impossibilidade e a passividade do Estado diante do braço forte,armado e as costas quentes do crime organizado.
impossibilidade de uma simples fiscalização de construções como acontece com qualquer outro cidadão não favelado que queira construir na cidade.
o senhor perfeito se gaba de, como ele mesmo gosta de dizer, ter pacificado o santa marta(ou dona, como queiram) com o braço forte do poder publico e assume que a policia ou quem quer que seja não pode garantir essa fiscalização. por que senhor perfeito?
o senhor perfeito que tem a paz no nome quer trazer pra cá o muro de berlim cercando e segregando a favela, ou para ser politicamente correto,como ele gosta de ser, a comunidade carente.

senhor perfeito,segregar, separar,isolar não combina em nada com o seu belo cabelinho tão
perfeitamente penteado.


fragmento da música senhas
adriana calcanhoto

"aguento até os modernos e seus segundos cadernos
eu aguento até os caretas e suas verdades perfeitas
eu aguento até os estetas
eu não julgo a competência
eu não ligo para etiqueta
eu aplaudo rebeldias
eu respeito tiranias
eu compreendo piedades
eu não condeno mentiras
eu não condeno vaidades
eu gosto dos que têm fome
dos que morrem de vontade
dos que secam de desejo.
Dos que ardem"





:

eu?

Minha foto
to correndo.sempre pressa.meio atrasado.ligação perdida.olhar atento.desculpa o atraso.to indo embora.quer carona?aqui desse lado,aqui..assim mesmo.meu fluminense e meus desejos.um beijo do seu.eu aqui em qualquer lugar aqui, espaço pra vazão a idéias. ficção criando uma verdade pseudo pessoal. "eu quero uma verdade inventada"

leia me

outras divagações


[alter]ego marginal

quantas?

free counter