divagações concretas concretudes abstratas

e um copo vazio está
cheio de ar

28.3.09

roy lichtenstein
coisa dificil mesmo é crescer
dificil esconder as asas
dificil de fato é levantar da cama na chuva
dificil cantar parabens pra você sem ficar sem graça
dificil pagar o ipva,iptu,agua,luz e net
dificil ver que as horas passam sim
dificil cortar o cordão umbilical
dificil largar a lata de linha dez
dificil não pensar naquela bola cruzada na area que você
dificilmente não tocaria pra dentro
dificil desapego do próprio queixo
dificil

dificil mundo,o dos adultos
mas o escuro da caverna instiga mais do que a luz do lado de fora



:

27.3.09

a natureza é coisa de louco
é sim]
o desconhecido é coisa de gente curiosa maluca
é sim]
o pai que indica o caminho e você vai ao contrário
é preciso viver
é sim]
a descoberta é o ouro que se leva na mochila
é sim]
viver é um enterno salto na cama elástica
e não é não]





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25.3.09

fast food.quiche de alho poró lambuzado com o sangue da picanha.alface crespa banhada no molho de alcaparras de um pedaço de salmão(e por gentileza:salmão,não salmon).azeite,sal,pimenta do reino e três ou quatro cebolas daquelas de conserva,pequenas.
o suco de laranja que chega na trigésima terceira mastigada.açucar,dois sachês(saudade dos açucareiros grandes de padaria, com pequenas formigas no fundo).a alcatra ta bunita, um pdeaço e mais um.o coração tá cru ainda.cruzar o talher,deu.um café, mais dois sachês de açúcar.biscoitinho amanteigado,sem recheio de goiaba.dezesseis e trinta e quatro.cartão de débito.obrigado.



:

23.3.09

Não se dirá: Quando a nogueira balançou no vento
Mas sim:Quando o pintor de paredes esmagou os trabalhadores
Não se dirá: Quando o menino fez deslizar a pedra lisa pela superfície da correnteza
Mas sim: Quando preparam as grandes guerras
Não se dirá: Quando a mulher foi para o quarto
Mas sim:Quando os grandes poderes se uniram contra os trabalhadores.
Mas não se dirá: Os tempos eram negros
E sim: porque os seus poetas silenciaram?
bertold bretch


:
diario de bordo
dia quatrocentos e cinquenta e seis, por volta de não sei que horas,
é tarde,
tédio.




:
[esse mundo chato,do politicamente correto
mundo chato dos herois de plástico
mundo chato da maquiagem goela abaixo
mundo chato da magrelice ideal]




com a profusão de armas químicas e flores de plástico
vivemos o tempo do release man.um mundo editado.tudo é filtrado,coado,espremido
pra que a gente só veja o que os nossos olhos são capazes de enxergar.

em visita ao oculista aos dez, sei la, onze anos, eu queria por que queria,usar óculos.
não me pergunte a razão,eu queria.
depois de todos aqueles exames lisergicos-oftalmológicos, sentei junto da minha mãe olhando fixo o veredito do doutor.
-ta tudo ótimo,você não tem nada.
minha cara de decepção deve ter sido banderosa, porque num estalo ele disparou:
- mas vou te passar esse grau pequeno aqui só pra descanso. passar bem.
lá fui eu com meus óculos novos pra descanso.usei no maximo um mês,depois ficou esquecido.


o mundo editado não quer ver ninguém de óculos
não quer ninguém perguntando nada pelos cantos.




:

19.3.09

anti poesia


queria escrever uma poesia agora
queria escrever uma poesia pra ela mas que pudesse tocar outras pessoas
queria falar da saudade que me dá esperar
cinco minutos,queria falar do meu pensar nela nas horas mais inusitadas
no avião,no consultório do dentista, comprando um pão de queijo e um café,
começando a tomar banho medindo a temperatura da agua,
- e que pequeno imenso prazer é acertar a temperatura perfeita da agua- comendo uma maçã despretensioso,esperando o telefone tocar.

essa poesia,eu queria escrever no chão. cinza, de concreto.vivido.andado.pisado.
ela é escrita com carvão. com fogo.com suor e o pensamento nela.

eu queria escrever uma poesia que misturasse a ternura e o punch que ela tem
que misturasse os olhos fortes com a ingenuidade dela mesmo criança
queria uma metáfora que pudesse dimensionar o que me bate aqui dentro,
ela
queria uma poesia assim,desse jeito
escrita com carvão.


:

17.3.09

um poema assim,seco assim
sem ponto e sem charuto



enquanto ela esperava aquela resposta, seu coração batia acelerado
sentia o calor nas mãos, o suor brotando,os dentes cerrados, uma perna insistentemente balançando. começou a pensar em coisas diversas
a demora
e ficando mais nervosa
era um tipo de tortura aquela espera desmedida
foram os seis minutos mais longos da historia
então, o telefone tocou
a resposta que ouviu não foi a que gostaria
nao
desligou o telefone, foi ao quarto,fechou umas gavetas que estavam
abertas, cheirou o lençol da cama
chorou pequeno e com medo
decidiu aquele momento que ia tirar
e tirou
assim, seco assim
rápido como quem rouba
assim.
não aguentava mais pensar


:

3.3.09

diario de bordo
dia oitocentos, três e quarenta
descobriu que podia discutir relação com a tevê


diario da bordo
dia oitocentos, quatro e cinco
descobriu também que podia ser amigo do microondas



diario da bordo
dia oitocentos,quase quatro horas
descobriu que o microondas pode estabelecer um diálogo
inteligente


:

2.3.09

Confete se





um palhaço,uma palhaça e um beijo,no meio do bloco.rodeados de arlequins,bailarinas,gal e betania,mallu e camelo e toda a fauna da segunda feira,o segundo dia.
vez em quando os narizes se batiam, o elástico roçava o rosto,os palhaços
vermelho e um tantinho fora do lugar,aqueles narizes e toda vontade de mais um beijo.
se olhavam olho no olho como atentos a uma noticia importantissima,
que poderia vir a qualquer momento junto com um punhado de confete na cerveja.
e tinham confete até a alma.

- tinham confete até a alma?não é melhor:tinham confete 'até na alma'?
- não sei.tinham confete até a alma, parece que eles estão quase submersos em confete
- tinham confete até na alma também pode ser legal, dá aquela sensação de confete colado no corpo. muito confete.o confete que cai na lata que você falou la em cima


os dois deitados escrevendo o seu bloco na rua,ar condicionado,cama e o carnaval,
e tinham confete até a alma.até na alma



:

eu?

Minha foto
to correndo.sempre pressa.meio atrasado.ligação perdida.olhar atento.desculpa o atraso.to indo embora.quer carona?aqui desse lado,aqui..assim mesmo.meu fluminense e meus desejos.um beijo do seu.eu aqui em qualquer lugar aqui, espaço pra vazão a idéias. ficção criando uma verdade pseudo pessoal. "eu quero uma verdade inventada"

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[alter]ego marginal

quantas?

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